segunda-feira, 18 de junho de 2012

Relatório de encontro 04/2012


Data: 18/05/2012
Local: Sala 5320
Hora: 14h
Presentes: Fabiana Piccinin, Jair Giacomini, Daiane Balardin, Ane Aguiar e Cristiane Lautert.


Neste encontro, a professora Drª. Fabiana apresentou ao grupo a nova integrante, Cristiane Lautert. Também relatou suas impressões sobre o XI Congresso da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (Alaic), que ocorreu em Montevidéu, no Uruguai, de 9 a 11 de maio. Em seguida, iniciaram-se as discussões sobre os conceitos de personagem. Fabiana trouxe a perspectiva de Aristóteles, em A Poética. Para o autor, o personagem tem de ser bom, adequado, semelhante e constante.
Bom: tanto no sentido do que ele é capaz de ensinar quanto no sentido de uma boa construção deste personagem.
Adequado: Verossímil. Na literatura, os personagens são muito parecidos com as pessoas, com nuances, conflitos psicológicos. Na mídia, os personagens são reduzidos aos arquétipos de mocinho e bandido.
Semelhante: os personagens oferecem o que o público espera (baseado nas referências que possui).
Constante: O personagem deve ser constante e lógico. Fabiana, em uma frase, resume a ideia: “Se no teu livro o personagem vai morrer de tuberculose, tu tens que fazê-lo tossir no primeiro capítulo”.

A professora também trouxe um conceito do Dicionário de Teoria da Narrativa, de Carlos Reis e Ana Cristina M. Lopes, no qual o personagem é o eixo em torno do qual gira a ação (p.215).

Jair Giacomini trouxe o livro O poder do clímax, de Luiz Carlos Maciel. Alguns trechos lidos pelo professor dão conta de que o personagem é a ação; não existe história sem personagem. Outra ideia exposta no livro é a de que os personagens se ajustam de acordo com a história. E há, ainda, a ideia de que o personagem tem em si a história. Giacomini ainda aborda a questão criador x criatura, na qual existe uma identificação do escritor com o personagem.

Cristiane Lautert trouxe à discussão o conceito de Beth Brait. A autora conceitua personagem como “ente composto pelo poeta, a partir de uma seleção do que a realidade lhe oferece, cuja natureza e unidade só podem ser conseguidas a partir dos recursos utilizados pela narração”. Ane Aguiar acrescenta que, para Brait, o problema do personagem é um problema linguístico, já que ele não existe fora das palavras.

Em seguida, o grupo começou o estudo dos textos O significado na narrativa e O personagem na narrativa, capítulos 4 e 5 da obra A natureza da narrativa, de Robert Scholes e Robert Kellogg.

Principais pontos da leitura do capítulo 4:
Significado é a relação entre o mundo ficcional, criado pelo autor, e o “real”, o universo que se pode compreender. Daiane salientou que, para compreender uma obra literária, é preciso tentar entender a visão que prevalecia na época de sua composição.
Daiane explicou que a ligação entre o mundo ficcional e o real pode ser representativa ou ilustrativa. A representativa é a réplica de uma realidade, é mimética. A ilustrativa é simbólica e sugere recortes da realidade.
Da segunda parte do texto, Daiane destaca a alegoria e a sátira como formas de narrativa didática. Segundo os autores, as narrativas didáticas não se acham limitadas a um relacionamento generalizado com o mundo real, pois podem dar um outro significado a imagens tradicionalmente representativas.

Principais pontos da leitura do capítulo 5:
“É possível tratar um personagem em desenvolvimento sem apresentar sua vida interior em grande detalhe” (p.117). Há duas formas de apresentar a vida interior: no monólogo e no papel que o personagem desempenha na trama.
No monólogo interior, o fluxo de consciência (processo mental) do personagem pode ser falado ou não. Na literatura, tem-se “acesso” ao fluxo de consciência do personagem, pode-se ler seu pensamento. Já numa produção audiovisual adaptada, por exemplo, esse processo mental precisa ser externado por meio dos gestos, do semblante.

A professora Fabiana Piccinin encerrou a reunião às 16h, e alertou que o próximo encontro será no dia 15/06/2012.

TAREFAS PARA O PRÓXIMO ENCONTRO (15/06, às 14h na Unisc, sala a ser definida)

Ler da página 251 a 319, do livro Tempo e narrativa – Tomo 1, de Paul Ricoeur. O texto está no Xerox do bloco 53.
Cada integrante do grupo deve trazer um conceito sobre NARRATOLOGIA.