Jornalismo diversional

Adotamos a categoria jornalismo diversional, nos moldes propostos inicialmente por José Marques de Melo (1985).

Trata-se de uma forma de jornalismo que engloba textos que, "(...) fincados no real, procuram dar uma aparência romanesca aos fatos e personagens captados pelo repórter" (1985, p.22).

Por esta perspectiva, a natureza diversional desse tipo de jornalismo está no resgate "(...) das formas literárias de expressão": uso de recursos como flashbacks, digressões, diálogos, aprofundamentos psicológicos etc. para estabelecer suas narrativas.

Dada a profusão de nomenclaturas que surgiram após a categorização de Marques de Melo, e em consonância com o que sugere o Dicionário de Comunicação (2009), utilizaremos, na pesquisa, jornalismo diversional como sinônimo de a) jornalismo literário, b) literatura de realidade (ou não ficcional), c) jornalismo em profundidade, ou, ainda, d) jornalismo de autor.

Mas no que, afinal, o jornalismo diversional se diferencia, por exemplo, do interpretativo, visto por Luiz Beltrão (1980) como sinônimo de "reportagem em profundidade" e considerando que ambos não têm amarras estilísticas?

Basicamente porque, neste, o que está em jogo é a realidade contextual, sendo que o objeto tem valor de notícia e há uma preocupação clara em fazer o leitor compreender/interpretar o que está posto no texto (SEIXAS, 2009, p. 66).

Sua intenção, e estrutura, estão voltadas no sentido de ajudar o leitor na compreensão do assunto em questão, enquanto que, no diversional, esta preocupação não existe.

Deveremos ter cuidado, no entanto, e ainda que nossa opção analítica sejam os textos diversionais em livro, de não vincular as categorias discursivas ao suporte em que eventualmente se encontram, mesmo sabendo que o dispositivo influi na forma como o discurso se estabelece.

Ou seja, achar que diversional é sinônimo de livro e interpretativo, de revista.

Os gêneros que compõem o jornalismo diversional, novamente de acordo com José Marques de Melo (2010), são:

HISTÓRIA DE INTERESSE HUMANO. Narrativa que privilegia facetas particulares dos agentes noticiosos. Recorrendo a artifícios literários, emergem dimensões inusitadas de protagonistas anônimos ou traços que humanizam os "olimpianos".

HISTÓRIA COLORIDA. Relatos de natureza pictórica, privilegiando tons e matizes na reconstituição de cenários noticiosos. Trata-se de uma leitura impressionaista, que penetra no âmago dos acontecimentos, identificando detalhes enriquecedores, capazes de iluminar a ação de agentes principais e secundários.

Assim, compõem a categoria JORNALISMO DIVERSIONAL os gêneros HISTÓRIA DE INTERESSE HUMANO E HISTÓRIA COLORIDA.