segunda-feira, 21 de junho de 2010

Colegas,
no encontro de sexta-feira discutimos os caminhos que a arte vem trilhando em tempos de tecnologia avançada e industrialização da cultura. Um dos pontos sobre os quais concordamos foi que são cada vez mais presentes as obras que ultrapassam as fronteiras de gêneros e se permitem experimentar elementos que são próprios de outros tipos de manifestações estéticas. Como, por exemplo, quando atores interagem no palco com um vídeo projetado na parede.

Quanto ao cinema especificamente, como comentamos, o que vem sendo feito de mais interessante nos últimos anos a nível global são aproximações inteligentes entre o ficcional e o documental - chegando ao ponto de ser difícil distinguí-los. Três filmes recentes ilustram bem essa tendência. Na minha opinião, aliás, foram os melhores lançados no ano passado, indiscutivelmente.


Valsa com Bashir (Líbano/Israel) foi o que comentei na reunião. Vejam só a miscelânea: é em parte um documentário tradicional, com depoimentos e imagens de arquivo. Mas também há narrativa ficcional (como na cena de abertura, que se trata de um sonho). E mais: o diretor é protagonista e o filme é quase todo EM ANIMAÇÃO.


Aquele Querido Mês de Agosto é um filme português e incrivelmente original, diferente de qualquer coisa que já assistimos. Aqui, além de ficção e documentário (o filme faz um giro por festas populares do interior do país), os bastidores das filmagens também ganham evidência.



Por fim, o francês Entre os Muros da Escola, que ganhou em Cannes no ano passado (ou retrasado?). Praticamente todo ambientado em uma sala de aula de escola pública de Paris, o filme é todo ficcional, a não ser pelo fato de que os (não) atores interpretam eles mesmos. Digo, os alunos são mesmo alunos, os professores são mesmo professores e os nomes reais são preservados. O fato é que as interpretações são tão críveis que sentimos estar diante de um vídeo antropológico.

Além de altamente recomendáveis, os três títulos são importantíssimos, penso eu, para entendermos o cinema de hoje.




Nenhum comentário:

Postar um comentário