domingo, 30 de outubro de 2011

Maria Salomão no encerramento do SIC: "A Wikipedia é tão importante quanto a Britânica"

Na última semana, a Unisc promoveu o 17º Seminário de Iniciação Científica (SIC) e o 2º Salão de Ensino e de Extensão da instituição. Como grupo de pesquisa integrande da instituição, nós também estivemos presentes, apresentando um relato de experiência sobre a nossa produção do último ano e também os resultados da nossa investida empírica de análises dos gêneros interpretativo e diversional na revista piauí - com "r" e "p" minúsculos mesmo.

A experiência em congressos e seminários é sempre ótima, principalmente pelas trocas de informações e o contato com outras áreas do conhecimento. No encerramento do evento, porém, a famosa linguista Maria Margarida Salomão saudou aos participantes com uma excelente palestra sobre a história da linguística mas também sobre o panorama da pesquisa mundial entre outras peculiaridades. Abaixo um breve resumo da explanação da pesquisadora:



Maria Salomão: "A Wikipedia é tão importante quanto a Britânica"
Fonte: Portal Gaz

A doutora em linguística pela Universidade Berkeley, da California (EUA), Maria Margarida Salomão, esteve na Unisc na última sexta-feira, 28, encerrando as programações do 17º Seminário de Iniciação Científica (SIC) e do 2º Salão de Ensino e de Extensão da instituição. Os eventos ocorreram durante a última semana e mobilizaram todas as áreas do conhecimento. Na pauta original estava a explanação da palestra a qual a professora apresenta por todo o o Brasil: "As relações interdisciplinares na pesquisa e suas implicações para a sociedade". Na prática, uma aula com uma pesquisadora antenada no posicionamento do Brasil frente aos rumos da produção científica mundial e também nas oportunidades que a Copa do Mundo oferece à academia brasileira.

Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Salomão atua nos Programas de Graduação em Letras e de Pós Graduação em Lingüística. Seu maior projeto em desenvolvimento, porém, é o FrameNet Brasil, um léxico de expressões em Português do Brasil que será transformado em software para celulares e dispositivos móveis, em inglês e espanhol, para ajudar os turistas na Copa de 2014. A intenção é fazer analogias com os lances do futebol para explicar a nossa língua aos gringos. Mas uma linguista desenvolvendo software? Trabalhando com a ciência da computação? A que se deve esse fenômeno?

Salomão começou a explanação falando justamente sobre as tendências do desenvolvimento científico mundial, no qual a maior ênfase está na cooperação interdisciplinar. "Sou linguista mas nos meus projetos estou trabalhando com outras áreas, por conta das necessidades. Nas universidades dos Estados Unidos isto acontece com uma grande frequência. É profissional da área da psicologia com área da linguística, com neurocientistas, com ciência da computação", comentou.



LULA, CAMÕES E OS PURISTAS

No segundo momento, após as tendências da pesquisa, a pesquisadora falou brevemente sobre o histórico linguístico do português e do preconceito com a fala. Irreverente, ela brincou e comparou o ex-presidente Lula ao poeta português Luís de Camões.

"Tanto falavam que o Lula dizia 'penso de que', sendo que pensar é um verbo transitivo ou intransitivo direto e não necessita de preposições, e quando analisa-se a história, emerge de Camões essa mesma expressão. Lula e Camões, na mesma categoria! É um problema para os puristas da fala", brincou ela, arrancando risos da plateia.

Ainda sobre os puristas, Salomão disse que precisa-se perder o preconceito com os meios digitais. "A Wikipedia hoje é tão importante quanto a Enciclopédia Britânica, a Barça, pela relevância e pelo acesso que ela oferece ao seu conteúdo. Temos que perceber os fenômenos e entendê-los", afirmou.



OS VESTIBULARES VENDEM VENTO

Ainda no campo da interdisciplinaridade, Salomão defende que haja mais projetos dentro das universidades, envolvendo os acadêmicos para além das grades curriculares dos cursos.

"Os vestibulares vendem vento. Quando o jovem precisa escolher com 16, 17 anos a sua profissão ele não sabe como será a universidade. O mundo lá fora, o mercado, é duro. Ele pede que você trabalhe com diversas outras áreas. Se não houver uma troca de conhecimento entre os cursos essa situação fica mais difícil ainda", finalizou.


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